domingo, 8 de fevereiro de 2009

Último Capítulo

O último capítulo do livro, que andamos a escrever há três anos, sobre uma viagem à Antárctida calhou-nos a nós: CMRA. As cinco personagens principais foram criadas por cada um dos hospitais que fazem parte deste projecto europeu "Percursos": a Tristão pertence ao CMRA; a Maria, ao Hospital de Santa Maria; o Pipo ao IPO; a Estefânia ao Hospital D. Estefânia e o Garcia ao Hospital Garcia de Orta.
Como a história acaba com um namoro e Fevereiro é o mês do amor, publicamos a nossa participação e as nossas ilustrações. E que o livro seja editado na Alemanha o mais depressa possível!!!


Último Capítulo do livro “Viagem à Antárctida”

Os cinco amigos encontravam-se sentados nas cadeiras menos confortáveis do Aeroporto de Santiago do Chile, à espera do avião que os levaria para a Guiné-Bissau.
Tristão ainda tinha uma lagrimazita nos olhos. Chorara baba e ranho, quando lhe disseram que não podiam ir a S.Tomé! Para fazer uma paragem em África teria mesmo que ser na Guiné-Bissau. Conformada, mas não satisfeita, pensava como seria África: que cores? Que cheiros? Que comidas?
Os outros dormitavam, a saudade de Portugal, das suas casas, da sua família e amigos era enorme, no entanto a curiosidade continuava infinita e eles tentavam recuperar energias para mais uma aventura. Desta vez pelo calor e pelo verde.
De repente, Tristão olhou para trás e reparou no rapaz que estava sentado na cadeira colada à dela. Parecia um índio! O coração de Tristão começou a bater desordenadamente e pensou:
_ Um índio? Meu Deus, sempre quis conhecer um índio!
Tímida, sussurou:
_ Hello, my name is Tristão and I’m from Portugal. And you are…
_ Olá, já percebi que és portuguesa, tenho estado a ouvir as vossas conversas. Vou para Portugal tal como tu e os teus amigos – respondeu o “índio” a rir-se.
_ Não acredito!
_ A minha mãe é portuguesa e o meu pai é chileno. Chamo-me Mikoto, mas tratam-me por Iko.
_ E o que vais fazer para Portugal? – Tristão estava cada vez mais curiosa.
_ Vou à procura de novos objectivos ligados às tecnologias de comunicação para trazer ideias para o meu país. Então, conta lá o que aprendeste na Antárctida.
_ Olha, aprendi, por exemplo, que o mar não é azul nem verde…
_ Ai não? E então?
_ Não tem cor. É transparente. O que acontece é que a superfície do mar funciona como uma espécie de espelho que reflecte a cor do céu, quando o fundo é escuro e profundo. Devolve a luz do Sol, quando o fundo é claro e pouco profundo, por isso a água das praias é mais clara do que a do alto mar.
_ Sabes muita coisa! – respondeu Iko com ar de troça.
_ Aprendi na Antárctida com os guias e gostei muito! Preocupas-te com o meio ambiente?
_ Sim, se fosse dono deste mundo, limpava o mar para ajudar o Planeta Terra a sobreviver. Preocupam-me as marés negras, os desastres e as vítimas que causam na fauna e na flora do litoral, porque as correntes e os ventos empurram o petróleo que flutua no mar para as costas que são as zonas mais ricas e importantes em termos ecológicos.
_ Bem, o que tu também sabes!!!
_ Somos os dois ecologistas e temos que actuar já! Cuidado com o plástico deitado ao mar. É outra grande desgraça para a fauna! – avisou Iko.
_ Isso eu sei! Em casa, faço a separação do lixo. E, quando vou à praia, coloco o lixo nos caixotes do lixo da praia. É impressionante a quantidade de lixo que produzimos…
Com esta conversa tão interessante nem se aperceberam que tudo estava pronto para entrar no avião. E Garcia gritou aborrecido um “vamos embora” dirigido a Tristão.
Despediram-se e trocaram os endereços de mail e telefones. Tristão estava feliz com a conversa e por ter conhecido um índio que não era bem um índio. Um amigo ecologista era óptimo!
Quando desembarcaram no aeroporto da capital da Guiné-Bissau, Bissau, ainda o Garcia estava com ar aborrecido o que deixou Tristão intrigada.
Passaram dois dias em grandes passeios e jantaradas: foram visitar duas aldeias de crianças órfãs, o Museu Nacional e o Centro Artístico Juvenil (onde se preparam os jovens artistas do país) e, no hotel “AZALAI”, comeram abacate com açúcar amarelo a que chamavam “canor”, manga, papaia e muito peixe.
Nas aldeias, brincaram com as crianças que tocaram tambor e cantaram estranhas canções para os receberem. Jogaram ao berlinde, à sombra das árvores, porque o sol era forte e queimava, embora todos tenham colocado camadas e camadas de creme protector. O que mais gostaram foi de jogar uma partida de futebol com os “putos”, como lhes chamavam, debaixo de uma grande chuvada morna!
Maria e Pipo comentavam os cheiros diferentes como o da terra molhada, o calor que, para eles, era insuportável e lhes fazia sentir uma saudade terrível de Portugal. Estefânia e Tristão andavam nas suas sete quintas que é como quem diz: encantadas! Tristão até dizia que, quando fosse mais velha, ia ser missionária, ali. Os amigos comentavam entre si que ela já tinha esquecido S. Tomé, a terra da família. Garcia continuava meio calado, mas ninguém reparava com tantas actividades.
Um dia, na varanda do Hotel, depois de um magnífico pôr-do-sol amarelo e vermelho, Tristão estava sentada num cadeirão a observar a luz forte da Lua e a escutar o som dos grilos a cantar, quando Garcia se sentou no chão junto dela. Tristão contou-lhe que um dos “putos” da aldeia lhe tinha ensinado a abrir um coco e a beber a sua água e que tinha adorado o sabor.
_ Como é? – perguntou Garcia baixinho.
Tristão olhou para ele e explicou-lhe:
_ Furas com um prego ou outro objecto pontiagudo o coco para beber a água e, depois, atira-lo ao chão com força e comes a parte branca às dentadas ou podes raspar essa parte branca e misturar com açúcar, digo-te, é uma delícia!
_ Ah! Então e o índio ou lá o que era aquele rapaz? – mudou de assunto o Garcia.
_ O Iko? Queres que te dê o mail dele? Posso perguntar-lhe se deixa e conversam. É um grande ecologista! – respondeu Tristão.
_ Quero lá saber do mail dele! – gritou Garcia.
Tristão deu um salto do cadeirão com o susto e olhou novamente Garcia nos olhos. Percebeu que Garcia estava apaixonado por ela. Nunca tinha desconfiado de nada e sabe Deus o que sofrera com tal situação! Quando Garcia leu o trabalho sobre o “Acordo de Kioto” na escola, Tristão ficara a observar a sua inteligência e os seus olhos grandes e meigos, mas não tivera nunca coragem de lhe dizer. Seria possível? O seu coração batia tanto que quase lhe saltava da boca. Tocou no braço de Garcia, e olhos nos olhos, perguntou-lhe:
_ Gostas de mim?
_ Não gosto de ti, parva, adoro-te!!!
Garcia baixou os olhos e levantou-se para fugir, mas Tristão levantou-se também, puxou-o e deu-lhe um beijinho na boca.
Começaram a namorar em segredo.
Durante a viagem de regresso a Portugal, no avião, Tristão e Garcia comunicaram aos amigos que eram namorados. Foram palmas e mais palmas, abraços. Pipo já sabia da paixão do Garcia e piscou-lhe o olho.
Chegar a Portugal foi uma alegria. Os cinco amigos traziam na bagagem, além de alguns objectos como recordação, cheiros, sons, paladares, imagens e, sobretudo, sabedoria. Tanta coisa para contar aos seus amigos portugueses e à sua família!
Pipo apontou a máquina fotográfica e clic!, a imagem da felicidade do reencontro com os pais, irmãos e amigos ficou para sempre.
Pesquisa elaborada:
“Joga e Descobre Mares e Oceanos”, editorial Sol90;
www.google.com

Jovens que colaboraram nesta história:
Malam Sane, Lassana Indjai, Ana Patrícia Justo e Bárbara Santos
A Malta do Alcoitão

2 comentários:

Anónimo disse...

Ola amigos sou a irma do Rafael. ele ainda está em recuperação e ainda não pode sair da cama, mas li-lhe esta parte final da história da viagem à Antarctida e ele disse que gostou muito. Disse também que muitas das vossas ideias coincidiram com o que ele já trazia em mente...andam em sintonia eh eh eh
Obrigada por todo o apoio e as melhoras para todos!!!!!!!!!

Beijinhos e abraços

Catarina & RAfa

sónia disse...

Olá Catarina,
Fico contente por ter vindo ao nosso blogue e ter lido a história da nossa viagem. Pois, o Rafa já tinha uma ideia sobre esta paixão no final... É um maroto!
bjs aos dois
Sónia

Blog BoniFrati