O Menino e o Rio

Estou internada no hospital de Alcoitão e a minha professora Sónia pediu-me para fazer uma composição com um diálogo, a propósito dos sinais de pontuação. Lemos um texto sobre um rio, respondi a perguntas de interpretação e, depois, tive que fazer a composição. Não gosto nada disso, mas lá me convenci, porque a professora disse que era o menino e eu tinha que responder às suas perguntas. Até foi fácil e divertido. Recordei-me de um passeio que fiz há pouco tempo ao Parque das Nações. Este foi o texto que fiz:

O Sérgio e o rio Tejo encontraram-se e ficaram amigos para sempre. Vou escrever o diálogo que eles tiveram no outro dia.
O Sérgio perguntou ao rio:
_ Olá Tejo, o que tens feito?
_ Olha, observo os pescadores que não pescam peixe nenhum, porque eu já não tenho peixes...
_ Porquê?! - perguntou o Sérgio admirado.
_ Sabes? As pessoas sujaram-me todo, por isso os peixes foram-se embora e alguns até morreram! Estou muito triste! Não vês a quantidade de algas sujas e de lodo que estão dentro de mim?
_ Sim! Oh, coitado! Tenho pena de ti! Não sei como te hei-de ajudar...
_ Antigamente, as pessoas estimavam-me. Quando viajavam de barco, não deitavam o lixo para cima de mim. Nessa altura, havia bom peixe para pescar e até as crianças tomavam banho comigo.
O Sérgio ficou a pensar e quis saber os gostos do Tejo.
_ Por onde gostas mais de passear? - perguntou-lhe curioso.
_ Gosto do Parque das Nações, porque há namorados sentados nos bancos, crianças a brincar, idosos a andar e bicicletas por todo o lado. Ah! E adoro ver as pessoas no teleférico por cima de mim!
_ E essas pessoas que andam aí não te sujam?
_ Não, porque o teleférico tem tudo fechado e quem anda cá em baixo, perto de mim, coloca o lixo nos caixotes do lixo.
Então, Sérgio teve uma ideia e disse:
_ Vou pedir aos meus amigos e colegas da escola para cuidarem bem de ti. - despediu-se com um sorriso - Gostei de te conhecer e de falar contigo, Tejo.
O Tejo respondeu-lhe:
_ Eu também gostei de te conhecer, Sérgio. És um bom amigo! Vê se falas com a Câmara Municipal de Lisboa para tratarem bem de mim.
O Sérgio passou a mão pela água como se fosse um aperto de mão. O rio ainda gritou ao longe:
_ Adeus, meu grande amigo Sérgio!

Idília Fernandes, 15 anos

A malta de Alcoitão